segunda-feira, 20 de março de 2017

Resenha de "Quantity and Quality of Exercise for Developing and Maintaining Cardiorespiratory, Musculoskeletal, and Neuromotor Fitness in Apparently Healthy Adults: Guidance for Prescribing Exercise"

De que os benefícios da atividade física para saúde são diversos, disso não há dúvidas. Porém, qual exatamente é a melhor prescrição de exercícios físicos para a manutenção das atividades cardiorrespiratórias e musculoesqueléticas em seres humanos? No presente artigo de Garder et al (2011), os autores realizaram uma reflexão, com base em diversas evidências científicas, sobre algumas das técnicas essências para a elaboração da prescrição de exercícios individualizados para adultos aparentemente saudáveis de todas as idades, bem como pessoas com doenças crônicas, a partir de adaptações conforme a atividade física habitual do indivíduo, funções físicas, condições de saúde, proposta e objetivos definidos, especialmente para melhoria da aptidão física.
Embora sabido que a realização de atividades físicas regulares estão associadas a inúmeros benefícios físicos e mentais para homens e mulheres, como regulação da pressão arterial, aumento da síntese proteica, aumento da sensibilidade à insulina, diminuição do risco de quedas, manutenção da massa óssea, diminuição das desordens mentais, entre tantas outras, há diferenças circunstanciais nos resultados obtidos conforme o volume de treino praticado, isto é, de acordo com a intensidade, duração e frequência da atividade realizada.
Apesar de uma maior frequência de atividades físicas promover maiores benefícios à saúde, há controvérsias a esse ponto, já que reduções significativas de alguns fatores de risco, como de doenças cardiovasculares, ocorrerem com a realização de apenas metade do volume recomendado nos principais protocolos internacionais de exercícios e atividades físicas. Para os autores, de forma geral, “realizar algum exercício é bom, mas realizá-lo mais vezes é ainda melhor”.
A dose correta de atividade física para prevenir fatores de risco à saúde deve ser definida, no entanto, a partir da equalização da quantidade específica de exercício ao nível cardiorrespiratório suficiente para conferir benefícios à saúde. No caso de doenças cardiovasculares, os fatores de risco costumam ser 60% mais baixos em adultos que realizam atividades cardiorrespiratórias em intensidade moderada em comparação a estímulos baixos em testes de fadiga em esteira, conforme os dados levantados pelos autores. 
Portanto, um nível de atividade associado a benefícios à saúde parece ser alcançado através de uma dose de exercícios compatível com uma aptidão minimamente moderada e, em aptidão vigorosa, pode gerar benefícios incrementais. Di Pietro (1997) encontrou melhorias significativas na utilização da glicose sanguínea em uma população sedentária que realizava exercício vigoroso, em comparação àquela que realizava exercício em intensidade moderada. Já Swain e Franklin (2006) identificaram melhorias de VO2max em indivíduos que realizavam exercícios em intensidade vigorosa constantemente. Estes autores consideram que a realização de exercícios abaixo de um limiar de intensidade mínimo não estimulam a melhoria do VO2max, não promovendo, assim, benefícios relacionados à aptidão cardiorespiratória e cardiometabólica.
Swain e Franklin (2006) enfatizam, aindam que o limiar da intensidade do exercício pode variar dependendo do estágio físico do indivíduo, sendo difícil definir precisamente um exato limiar de intensidade para melhorar a atividade cardiorespiratória. Segundo eles, muito estudos ainda são necessários para precisar tal condição, apoiados em efeitos interativos como volume de exercício, intensidade, duração, frequência, intervalos de descanso e a variabilidade individual da resposta ao estímulo.
Ainda que não haja um padrão específico de treinamento a ser seguido, a literatura recomenda que sejam realizadas ao menos três práticas na semana, em intensidade moderada, totalizando no mínimo trinta minutos por dia. Aqueles que são atletas de final de semana, se não puderem aumentar a frequência da atividade, devem ainda assim mantê-la, pois é melhor ser atleta de final de semana a continuar sedentário no que tange a prevenção de fatores de riscos cardiovasculares.
Afora à manutenção de um padrão de volume (intensidade, duração e frequência) de treino, Garder et al consideram necessário incluir nas práticas físicas quatro práticas complementares entre si (técnicas cardiorespiratórias intensas, resistência para grupamentos musculares, flexibilidade músculo-tendíneas e exercícios neuromotores propioceptivos), das quais propõem protocolos básicos para cada qual.
E apesar da existência destes protocolos básicos de prescrição de treinos para indivíduos interessados em melhorar sua aptidão física, não podemos deixar de lembrar da importância de que a elas estejam associadas as preferências individuais ligadas aos diversos tipos de de modalidades esportivas, bem como da presença de profissionais especializados que possam orientar tais práticas.

Bibliografia:
GARDER, Carol E. et alli. Quantity and Quality of Exercise for Developing and Maintaining Cardiorespiratory, Musculoskeletal, and Neuromotor Fitness in Apparently Healthy Adults: Guidance for Prescribing Exercise. Medicine & Science in Sports & Exercise. 2011. pp. 1334-59

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